Preciso de uma resenha do texto abaixo
Hoje eu não ia escrever. Você sabe que eu sempre digo que não vou escrever nada na manhã do Dia das Mães, mas acabo mudando de idéia, acho que é um preparo psicológico importante. A análise não adiantou nada, só me forneceu algumas palavras para designar as minhas neuras, que por sinal agora atendem todas as vezes em que são chamadas por seus nomes freudianos. Antigamente, quando eu não as conhecia tão cientificamente, elas eram menos metidas, tinham pelo menos um certo pudor, não ficaram tão assim emergentes, minhas neuras hoje são umas peruas emergentes insuportáveis. Diário é muito melhor do que análise, não dá palpite nem fornece status à nossa maluquice. Aconselho.
Sim, querido, Dia das Mães novamente. O do ano passado parece que foi ontem. Ele, como sempre, está entusiasmadíssimo, é o rei do Dia das Mães. Aliás, é o rei de todos esses dias, porque sempre ganha presentes. Como hoje, por exemplo. Oficialmente, é o meu presente, claro. Ele acha que eu não sei, mas vi a nota de venda no bolso do paletó dele e a caixa mal-disfarçada, meio escondida por trás das almofadas velhas, na prateleira de cima do armário do quarto. É uma filmadora de vídeo altamente avançada, dessas que exigem diploma de engenharia eletrônica para começar a operar e de que eu preciso tanto quanto de uma temporada de camping no Haiti. Ele sabe que eu não suporto máquinas, botões e luzinhas debochadas, mas vai me dar a filmadora. Vai botar na minha mão, vai me chamar de tecnófoba, dizer que eu vou acabar virando uma Spielberg, pegar o manual para ler tudo e me ensinar, tomar a máquina para o resto da vida e obrigar a família e os amigos a me assistir correndo de um caranguejo em Maceió, com close na celulite. Mas ele é assim, que é que se vai fazer, já nasceu assim. Até no Dia da Criança ele dá um jeito de receber um presente da mãe, preferivelmente ela pagando, mas, quando ela resiste, ele mesmo paga, acho que o sonho dele é morar no free shop e dar expediente diário