Pratica da prostituiçao
A maior parte dos artigos, oriundos de autoras feministas, foca-se na questão de se há algo errado com as formas actuais de prostituição, na medida em que reflecte a desigualdade entre o homem e a mulher (como se não houvesse também prostituição masculina), um capitalismo desenfreado subjacente ou a simples exploração económica e coerção das mulheres prostituídas. Ora, a questão ética mais interessante não é se, por contingências históricas, a prostituição está ligada ao capitalismo, à desigualdade entre o homem e a mulher ou à coerção e exploração. A questão ética mais interessante é se a prostituição, independentemente destes factores, é moralmente permissível.
Há, pelo menos, dois bons artigos escritos por filosofas profissionais sobre esse assunto, ambos coligidos na colectânea Philosophy of Sex editado por Alan Soble.
O primeiro, por Martha Nussbaum, defende que não há nada intrinsecamente errado com a prostituição, apesar de a autora achar que há algo de errado com as formas actuais de prostituição - assim como em muitas outras profissões. Nussbaum argumenta que trabalhadores em fábricas, advogados, massagistas, cantores de ópera e até professores de filosofia (!) são pagos para usar o seu corpo, muitas vezes em condições laborais que não têm controlo. Qual a diferença moral entre este tipo de profissões e prostituição? Segundo Nussbaum, nenhuma. Ver o seu artigo aqui.
O segundo, por Yolanda Estes, admite, como é incontroverso, que o consentimento é uma condição necessária ao sexo moralmente respeitável, mas não é uma condição suficiente. De acordo com Estes, em qualquer relação humana, mas principalmente nas que envolvem sexualidade, é necessário, para que