Poulantzas - O Estado, O Poder, O Socialismo
As relações de classes estão presentes nas diversas formas em que o Estado se reveste. A criação de uma Teoria geral do Estado capitalista é necessária para mostras a diferenciação entre os tipos do Estado capitalista, mas também dentro de cada tipo. A análise do Estado facilita entender que as modificações nas classes sociais implicam em modificações no plano da dominação política (POULANTZAS, 1980, p. 125-128).
O Estado aparece como implantador da unidade política da classe dominante; a burguesia aparece como bloco de poder. Um conjunto de aparelhos é necessário para sua organização. O Estado não se mostra como Estado-sujeito ou Estado-coisa, como diversas vezes foi analisado, mas sim como condensador das relações entre as frações de grupos e suas contradições. A política do Estado é formada através das contradições e rompimentos internos ao mesmo (Ibid.: p. 128-137).
A Autonomia do Estado não é relacionada à independência dos fatores externos, mas sim sobre o que acontece internamente nele. A contradição entre setores no bloco de poder resultam na maior autonomia do Estado. As “micropolíticas diversificadas” (Ibid.: p 138) formadoras do aparelho do Estado resultam na política exercida por este. A unidade do aparelho do Estado se dá quando dispositivos com poder de decisão são influenciados pelo grupo de maior interesse no bloco de poder, direcionando a unidade do Estado. (Ibid.: p 138-140).
O Estado abarca não somente as contradições entre forças de poder, também inclui em si as contradições levadas pelas classes dominadas e suas lutas, mantendo no centro do Estado a relação entre subordinados e dominadores. Esta classe subordinada não se manifesta da mesma maneira que o bloco de poder, mas é incidente e pesa na estrutura interna do Estado (Ibid.: p. 142-147).