Positivismo e o Barão de Munchausen
O positivismo em sua figuração ideal está fundamentado num certo número de premissas que formam um sistema coerente e operacional:
1. A sociedade é regida por leis naturais e invariáveis, ou seja, independentes da vontade e da ação humanas; na vida social, reina uma harmonia natural.
2. A sociedade pode, portanto, ser epistemologicamente assimilada pela natureza, e ser estudada pelos mesmos métodos, dérmaches e processos empregados pelas ciências da natureza.
3. As ciências da sociedade , assim como as da natureza , devem limitar-se á observação e á explicação causal dos fenômenos, de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos de valor ou ideologias, descartando previamente todas as prenoções e preconceitos. (Löwy; Michael, 2000, p.17-59). A influência destas idéias – particularmente o postulado de uma ciência axiologicamente neutra – ultrapassa o quadro do positivismo no sentido estrito e se manifesta , pelo menos em parte , em autores consideravelmente afastados do positivismo clássico (como Max Weber ) e até mesmo no seio do marxismo .Quando um ou outro destes três axiomas está integrado em uma investigação metodológica distinta do positivismo , pode-se falar de uma dimensão positivista. (Löwy; Michael, 2000, p.18-59). O positivismo surge ,em fins do século XVIII- princípio do século XIX, como uma utopia crítico-revoluconária da burguesia antiabsolutista , para torna-se , no decorrer do século XIX, até os nossos dias , uma ideologia conservadora identificada com a ordem (industrial/burguesa) estabelecida.(Löwy;Michael,2000,p.18-59). O axioma da neutralidade valorativa das ciências sociais conduz ,de forma lógica, o positivismo , fazendo com que o mesmo invalide o conhecimento . A própria questão da relação entre conhecimento científico e classes sociais geralmente não é utilizada : é uma problemática que foge do campo conceitual e teórico do positivismo , fazendo