POS GRADUADA
CAOS - Revista Eletrônica de Ciências Sociais
Número 14 – Setembro de 2009
Pàg. 156 - 165
A visão do Feminino nas Religiões Afro-brasileiras1
Ivana Silva Bastos2
Resumo
Discute-se, a partir de pesquisa feita em João Pessoa, o papel que a mulher e o feminino ocupam nas religiões afro-brasileiras, especialmente, no candomblé.
Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras, gênero, sexualidade, poder e classe.
Introdução: sobre mulheres e religião
O estudo sobre religião é fundamental, pois mesmo com o processo de secularização pelo qual estamos passando, ela continua sendo uma das bases importantes para a
(re)construção sócio-cultural da identidade do povo brasileiro. Em nosso país, o aspecto religioso sempre foi muito influenciador, e continua sendo.
Quando há o cruzamento de religião e gênero, muito pode ser discutido. Quando aí se inserem questões étnicas e de classe, mais questões surgem e, no universo das religiões afrobrasileiras, todos esses pontos estão entrelaçados.
A religião é, antes de tudo, uma construção sócio-cultural. Portanto, discutir religião é discutir transformações sociais, relações de poder, de classe, de gênero, de raça/etnia; é adentrar num complexo sistema de trocas simbólicas, de jogos de interesse, na dinâmica da oferta e da procura; é deparar-se com um sistema sócio-cultural permanentemente redesenhado que permanentemente redesenha as sociedades (SOUZA, 2004, p. 122-123).
Nas religiões afro-brasileiras, particularmente, o sexo feminino parece ocupar uma posição de maior destaque em comparação às outras religiões. Podemos perceber que na religião católica, não é permitido às mulheres dirigir a cerimônia de maior destaque, que é a missa. Nos templos evangélicos e pentecostais a situação se repete, pois a grande maioria de bispos é do sexo masculino. Há pouco tempo, começaram a surgir timidamente, algumas mulheres nessa posição. E isso é percebido em outras religiões como o budismo, onde as