POR UMA PEDAGOGIA PARA A MUDANÇA
No artigo analisado, Omar Aktouf questiona se a formação de administradores deve buscar a mudança, ou apenas a reprodução do que já existe. De acordo com o autor, o mais comum em cursos de administração é a lógica da reprodução, devido ao ambiente elitista e conservador das escolas, e também devido à origem social privilegiada da maioria dos alunos. Para desconstruir tal lógica, Omar diz que é necessário “deixar de considerar que para aprender administração deve-se observar o que fazem os dirigentes para fazer como eles. A lógica de reprodução é absurda, porque se queremos que a administração do futuro seja radicalmente diferente da de hoje, não serão certamente os dirigentes de hoje que deverão servir de modelo para os nossos estudantes.”. É criticada a visão da administração como uma arte ou ciência. A administração se encaixa mais como uma doutrina, que traduz uma ideologia. Além dessa dimensão, Omar cita três características do ensino da administração que devem ser mudadas: a definição restrita de administração centrada na predominância do fator capital e na preocupação do enriquecimento individual; a onipresença dos aspectos quantitativos, em particular a do cálculo econômico; e a falta de cultura geral na formação de administração. “Deveríamos despojar o ensino de administração e de economia da ideologia do capital como fator transcendente, com o único fator a correr risco e ao qual se atribui todo o direito. Estatística e historicamente, o fator que corre o menor risco dentre os três fatores de produção (o capital, o trabalho e os recursos naturais) é o capital, na verdade.” A partir deste argumento, o autor conclui que é necessário ensinar nas escolas de administração as contradições e conflitos de interesses entre o capital, o trabalho e recursos naturais. Ou seja, o administrador deve atuar como mediador entre os interesses do capital e os interesses de sindicatos e ecologistas.