politicas publicas
Gilda Fleury Meirelles
Mais um ano se foi, e novamente todos juntos nos congressos. Como todo evento, sinônimo de atualização, sucesso, patrocínio, vitória e união. É o momento do reencontro, de mostrar as novidades alcançadas pelo setor no decorrer do ano.
Realizações. Novos postos. Nova vida. E quem não gosta? Ser famoso? Fascinante?
Nem que seja por um dia, por uma palestra?
Tudo isso, mas também, ser reconhecido. Afinal, toda vitória precisa ser mostrada, compartilhada, vista. E nada melhor do que nesse momento, onde todos que saberão apreciá-lo - ou deveriam saber - estão presentes.
Adeus banalidades do dia-a-dia. Levar crianças ao colégio? Sair mais cedo para pegar aquele teatro? A empregada saiu, faltou? Por favor, poupem o congressista.
Nesses dias, todos estão acima dos detalhes.
Trajes elegantes, Vila Romana, Hugo Boss... não, Armani. Tailleurs.... Versace, agora está em alta. Sapatos e cintos, de preferência italianos. Bolsa, Louis Vuitton.
Perfume, lavanda ou colônia? A melhor, que fixe, deixando aquele aroma sensual.
Barba bem aparada, cabelos perfeitos, tudo pronto.
Ah! falta o celular - de preferência o menor que houver no mercado - mas, na cintura, para que todos o vejam.
Agora, sim, tudo pronto. Tão lindos, empolgantes; homens e mulheres profissionais.
Afinal, quem não quer se destacar; ser visto e reconhecido? Se for palestrante ou moderador, melhor. E, na ânsia de aparecer, mostrar sua vitória, o posto alcançado e que nós tão bem compreendemos, é que tudo se perde.
O Mestre de Cerimônias inicia:
“Senhoras e senhores, autoridades presentes. Estamos dando início a ........ trim...trim......trim............... - É o meu celular.
- Não, é o meu.
- Psiu. Quero ouvir. Saia para atender.
.....mais uma edição do Congresso......” trim...trim! Mais um celular.
- É o seu. Atenda logo!
- Psiu! Psiu!
Pronunciamento concluído, nada foi escutado. Somente as chamadas dos muitos celulares. Status ou