Poesia de augusto dos anjos: AS CISMAS DO DESTINO
Recife, Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção … casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo!
Lembro-me bem. A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Como uma pele de rinoceronte
Estendida por toda a minha vida!
Era como se, na alma da cidade,
Profundamente l£brica e revolta,
Mostrando as carnes, uma besta solta
Soltasse o berro da animalidade.
Ah! Com certeza, Deus me castigava!
Por toda a parte como um r‚u confesso,
Havia um juiz que lia o meu processo
E uma forca especial que me esperava!
Na ascensão barom‚trica da calma,
Eu bem sabia, ansiado e contrafeito,
Que uma popula‡„o doente do peito
Tossia sem remédio na minha alma!
Chegou-me o estado m ximo da m goa!
Duas, três, quatro, cinco, seis, sete
Vezes que eu me furei com o canivete,
A hemoglobina vinha cheia de gua!
Escarrar de um abismo noutro abismo,
Mandando ao c‚u o fumo de um cigarro,
H mais filosofia nesse escarro
Do que em toda a moral do Cristianismo!
Porque, se no orbe oval que os meus p‚s tocam
Eu n„o deixasse o meu cuspo carrasco,
Jamais exprimiria o ac,rrimo asco
Que os canalhas do mundo me provocam!
Ser cachorro! Granir incompreendidos
Verbos! Querer dizer-nos que n„o finge,
E a palavra embrulhar-se no laringe,
Escapando-se apenas em latidos!
Eu queria correr, ir para o inferno,
Para que, da psique no oculto jogo,
Morressem sufocadas pelo fogo
Todas as impresões do mundo externo!
Mas a Terra negava-me o equilíbrio...
Na natureza, uma mulher de luto
Cantava, espiando as arvores sem fruto.
A canto prostituta do