O positivismo na poesia
Introdução
Auguste Comte, no seu curso de filosofia positiva, afirma que :
(...) o caráter fundamental da filosofia positiva é tomar todos os fenômenos como sujeitos a leis naturais invariáveis, cuja descoberta precisa e cuja redução ao menor número possível constituem o objetivo de todos os nossos esforços, considerando como absolutamente inacessível e vazia de sentido para nós a investigação das chamadas causas, sejam primeiras, sejam finais. (...) Pretendemos somente analisar com exatidão as circunstâncias de sua (os fenômenos) produção e vinculá-las umas às outras, mediante relações normais de sucessão e de similitude 1.
Isto é, Comte renuncia à procura das causas dos fenômenos e preocupa-se somente com a descoberta das leis de funcionamento daqueles, com o objetivo de compreendê-los para poder prevê-los e, finalmente, atuar sobre a realidade, modificando-a – “ciência, daí previdência; previdência, daí ação”. Neste estudo, à semelhança de Comte, serão ignoradas as possíveis causas da “angústia” de Augusto e o interesse recairá, então, nas idéias presentes em seu texto, na linguagem utilizada, a princípio coincidentes com o “amplo movimento de pensamento que dominou grande parte da cultura européia, em suas manifestações filosóficas, políticas, pedagógicas, historiográficas e literárias, (...) de cerca de 1840 a até quase as vésperas da Primeira Guerra mundial”2: o positivismo. As características gerais do positivismo, segundo Reale & Antiseri, são: o primado do método científico como “instrumento cognoscitivo” possuidor de unidade; a transposição do método das ciências naturais para o estudo da sociedade (sociologia), pois as relações humanas e sociais são consideradas “fatos naturais”; a confiança total na ciência como recurso capaz de decifrar o mundo e de solucionar todos os problemas da sociedade; o otimismo generalizado e a
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COMTE, Auguste. Os pensadores. São Paulo: Abril