Augusto do anjos
Marinalva Freire da Silva Universidade Federal da Paraíba
Augusto dos Anjos escreveu apenas um livro, através do qual se imortalizou. Sua publicação ocorreu em 1912, sendo, porém, relegado pelo público e pela crítica porque, se ainda hoje o poeta é demais para a nossa época, cujos críticos literários não puderam erguer a tesoura para cortar a sua singularíssima poética, muito menos o público e os literatos da primeira década deste século. Augusto dos Anjos não se filiou, particularmente, à escola literária alguma. Não obstante, assimilou a filosofia da escola expressionista alemã, da qual bebeu todo o vigor potencial e existencialista, fortalecendo-se, para vomitar ao mundo o seu "eu" através da poesia. Paralelamente, ao ser publicado o seu livro, a Alemanha editava o primeiro livro expressionista, razão por que, possivelmente, não obteve a repercussão merecida, o que está sendo reparado hoje em dia, especialmente pelos críticos literários brasileiros. Por outro lado, a Paraíba, o Brasil, o mundo estava atravessando um período de mudança, de revolução, enquanto a cultura estava relegada em virtude desse clímax político-ideológico. Mesmo assim, a sua obra representativa do espírito da época pode ser considerada parnasiana, coroada por aspectos simbolistas, abrindo horizontes para uma modernidade literária que confundiu e divergiu os críticos, provocando acirradas polêmicas. Raros foram os elogios e muitas as contestações. Atualmente, apesar de ainda não ter sido totalmente digerido nem pelo público nem pela crítica, o poeta do "EU" é bastante lido e comentado (até mesmo nas mesas dos bares), por representar em leque de opções para estudos profundos, não apenas no âmbito da literatura, mas em outros ramos do saber, a exemplo da medicina, psicologia, sociologia, metafísica e do próprio misticismo religioso.
Letras. Curitiba 107-172 - 1986 - UFPR
SILVA, M. F. Justificativa do título EU
Schopenhauer, que