Poemas Gregório de Matos
Gregório de Matos (boca de inferno)
"Se Pica-Flor me chamais, Pica-Flor aceito ser, Mas resta agora saber, Se no nome que me dais, Meteia a flor que guardais No passarinho melhor! Se me dais este favor, Sendo só de mim o Pica, E o mais vosso, claro fica, Que fico então Pica-Flor."
De acordo com estudiosos, Gregório de Matos escreveu esse poema para afrontar uma freira em forma de sátira. Na verdade esse poema foi escrito como resposta a um comentário feito por uma freira que atribuía a aparência de Gregório com o pássaro chamado Beija-Flor. Como boca de inferno usa "pica-flor" para descrever o eu - lírico, podemos chegar a importantes interpretações do poema, uma delas é a sátira que ele fez a freira substituindo o "beija", relacionado ao pássaro, por "pica' que representa o órgão genital masculino ( tom de erotismo no poema).
Ao utilizar o "flor" ele remete ao pássaro, mas também a figura feminina e quando junta a palavra "pica" com o "flor" remete a ideia de conjunção carnal.
Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/morte)
Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/escuro)
Em tristes sombras morre a formosura, (ant.feio/belo)
Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria)
Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida)
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia? (sofrimento)
Mas no sol e na luz falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância
E, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria)
Começa o mundo, enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza somente na inconstância.
O poema acima é formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.
Se notarmos bem veremos que há uma figura constante: a antítese.Figura pela qual se faz a contraposição de palavras.Exemplos.
Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
Verso 4: