Análise do poema "Aos Vícios", de Gregório de Matos
O poema “Aos Vícios”, de Gregório de Matos, é formado por vinte tercetos decassilábicos, com rima cruzada, de esquema rimático ABA BCB CDC. Os versos são decassílabos heróicos. Este poema difere em estrutura, quando comparado ao soneto, pois ao contrário deste que tem uma estrutura fechada, “Aos Vícios” apresenta um encadeamento narrativo, ou seja, uma continuidade de estrofe para estrofe, recordando assim a sequência narrativa da epopéia.
O poema de Gregório é uma sátira, cujo seu principal alvo é a própria sátira dentro do contexto em que vive, tendo como fonte inspiradora o Brasil, do século XVII, como espaço, todos os seus habitantes e costumes, e até mesmo o modelo colonial vigente.
Este poema pode ser dividida em quatro partes: a primeira parte equivale às duas primeiras estrofes e funciona como uma introdução ao tema, onde o poeta expõe o assunto que se vai tratar no poema, levantando uma questão/ponto a ser resolvido no decorrer do mesmo; a segunda parte corresponde às estrofes três a cinco, onde Gregório faz uma espécie de invocação, que vai além da súplica a uma divindade ou musa com o fim de pedir inspiração, mas sim um ato de aduzir a essa divindade como prova do que se diz; já a terceira parte condiz às estrofes seis a dezesete, e representa a parte narrativa do poema, são nessas estrofes que Gregório de Matos apresenta as características e razões da sátira e do poeta satírico em si, uma exposição minuciosa, daquilo que se apresentou genericamente nas estrofes iniciais; e por fim a quarta parte equivale às três últimas estrofes, que corresponde à um pequeno discurso conclusivo, representando assim uma espécie de epílogo.
Na primeira parte parece que o poeta faz uma pequena retrospectiva de sua atividade poética. Na primeira estrofe o poeta fala da natureza satírica de sua poesia – “lira