PLANTAS PARASITAS

1059 palavras 5 páginas
O mal-entendido Os dois garotos brincam na praia. Um branquinho, de os olhos claros, queimado de sol quase negro, de tamanho sol da manhã. O outro, negrinho retinto, de avós na senzala, de família do morro. Os dois descem à praia diariamente. O primeiro, de um nono andar, apartamento de frente para o mar, tapete no chão, lustres de cristal de muitas bocas, orgia de espelhos nas paredes. O outro, de um morro qualquer, barraco de madeira com São Jorge enfeitado de flor, um “dois-dois” de barro pintado, vaso de arruda na porta. Os amigos se encontram à hora certa, camaradagem de pé na areia igualitária. O primeiro traz bola. O segundo traz jogo. O primeiro é bem nutrido, atestado vivo de que caldo de vitamina batido em liquidificador é mesmo bom. O segundo é fino e sujo, os dentes inexplicavelmente claros e fortes, o riso irreverente, a gaforinha de areia sempre renovada nas pelejas da praia. Paulinho chama-se um, porque o avô foi Paulo e com ele começou a fortuna da casa. O outro chama-se Jorge, porque Ogum é padrinho. Descem os dois todo dia. Quando Paulinho vem acompanhado pelos pais, Jorginho assiste, com um grave olhar de técnico aposentado, a pelada em que a censura familiar não deixa preto se meter. Quando Paulinho vem só com a empregada – e é quase sempre – nem é preciso pedir licença. Jorginho tem lugar seguro, que ele é o artilheiro-mor da vizinhança. E a pelada se prolonga. Por ele, a manhã toda, a tarde toda, a vida toda. Não tem escola, não tem compromissos. Amendoim torrado ele só vende é mesmo à noite, ora à porta do Rian, ora do Roxy. Mas ao fim da meia hora, de uma hora, a pelada vai se desfazendo. Parentes e empregadas vêm recolher os futuros Garrinchas, os Pelés e Zagalos em formação. Paulinho fica mais tempo. E quando está só, ele e Jorginho descansam na areia. Inseparáveis na pelada – Paulinho arma o jogo, Jorginho apanha o couro e arremata de maneira inapelável – uma funda rivalidade os separa em tudo mais. Nunca se entendem.

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