Planos economicos
Por pelo menos duas décadas de sua história recente, o Brasil foi forçado a enxergar a política econômica como um conjunto de medidas de impacto destinadas a tirar o país de crises imediatas - os planos econômicos. Foi assim na sucessão de pacotes anti-inflação dos anos 1980, nos choques de juros que reagiram às grandes convulsões internacionais na década de 1990 e até no segundo turno da eleição presidencial de 2002, quando a cotação do dólar chegou a atingir 4 reais.
Em 1986, o Plano Cruzado levou o Brasil da euforia à decepção. O congelamento de preços e salários baixado pelo governo José Sarney mereceu três capas seguidas de VEJA. A revista apoiou o plano, mas deixou claro que ele de nada adiantaria se não se atacasse a causa do surto inflacionário: um estado falido e perdulário. Passados catorze meses, o plano fez água. A inflação era de 363% ao ano. O fracasso não impediu o Plano Cruzado de gerar dois filhotes ainda na administração Sarney, o Plano Bresser e o Plano Verão - ambos baseados em congelamentos, ambos igualmente malogrados. O próximo grande e desastrado episódio da luta do país contra o monstro da inflação viria em 1990, quando o Brasil foi surpreendido com o mais traumático de todos os planos econômicos - aquele que confiscou a poupança e a conta-corrente dos brasileiros. Menos de 24 horas depois de subir a rampa do Planalto como o novo presidente, Fernando Collor detonou uma bomba nuclear sobre a economia.
O Plano Bresser foi apresentado em 16 de junho de 1987 através de Decretos-Lei 2335/87, 2336/87 e 2337/87, pelo então Ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, e tinha a missão de controlar a inflação herdada do fracassado Plano cruzado. Em abril de 1987, Luis Carlos