Piaget/Vygotsky/Wallon
Abordando algumas contribuições de Piaget para os estudos da linguagem na criança, poderíamos iniciar afirmando que, para este autor, o pensamento representativo (rudimentar) tem início com a capacidade de evocar objetos e eventos ausentes. Esta nova aquisição (representativa) promove transformações que ampliam os conhecimentos advindos da inteligência prática e permite a elaboração de operações mentais complexas que os atos, por sua limitação temporal, não alcançam. O desenvolvimento da inteligência prática leva o sujeito a coordenar estados de uma ação, interligados por curtas antecipações e reconstituições momentâneas em torno de um objeto concreto. A inteligência conceitual, por sua vez, possibilita a constituição de representações de conjunto (fusão) e o acesso à atividade classificatória e reflexiva. Como Wallon, Piaget também atribui uma importância capital à atividade imitativa, que já se observa desde os primeiros meses de vida. Partindo da ideia de um indivíduo indiferenciado, os estudos de Piaget sobre a atividade imitativa acompanham este descentramento sucessivo da criança. Se a imitação comparece, de início, como uma cópia direta dos gestos do adulto, por outro lado, vai assumindo a forma dos atos da inteligência representativa. A atividade representativa se sustenta, sobretudo nos primeiros anos de vida, na imitação diferida e interiorizada, que comparece no jogo simbólico e na própria atividade linguística da criança.
Embora em algumas obras Piaget não tome a linguagem como constitutiva da inteligência e do pensamento, chegando mesmo a afirmar a independência do desenvolvimento da inteligência em relação à linguagem, consideramos importante estabelecer um diálogo entre estas afirmações e seus estudos relativos à formação do símbolo na criança. Sabemos que Piaget toma a linguagem como uma condição necessária na construção das operações lógicas, mas não necessariamente atribui a ela uma importância capital.