Piaget - conservação de quantidades contínuas: primeira fase
Nesta fase inicial, o sujeito a ser interrogado a respeito da variação de um líquido, quando este é transvasado em um recipiente diferente (seja essa diferença de nível, de tamanho ou do número de vidros), apresenta uma limitação ao entender que a mudança percebida não é uma mudança no que diz respeito ao valor total do líquido, visto que esse, naturalmente, se conserva. As entrevistas feitas por Piaget a crianças pertencentes a essa fase confirma essa limitação:
Sim (5 anos). Mostra-se-lhe A¹ e A², cheios pela metade. Há a mesma coisa de água nos vidros, não é? – (Ela verifica.) Sim. – Olha, Renée, que tem o azul, despeja seu xarope assim (despeja-se A¹ em B¹ e B², que ficam cheios aproximadamente de 3/5). Vocês têm ainda a mesma coisa para beber? Não, Renée tem mais, porque ela tem dois vidros. (p. 27-28)
No caso de Sim, observa-se que o critério preponderante em sua avaliação a respeito da não-conservação é o número de vidros, bem como tal critério poderia ser a diferença de nível ou do tamanho do recipiente, caso esse dessas formas se alterassem, visto que esses três critérios preponderantes nas avaliações dessa fase variam de um sujeito a outro ou mesmo variam de um momento a outro, nesse caso ocorrendo uma contradição da criança.
Para compreender a explicação de Piaget a respeito da ausência de conservação nessa fase, bem como as hipóteses e formulações decorrentes dessa, é importante destacar o conhecimento desse dos estudos de E. Brunswik a cerca da percepção de dados quantificáveis. Sr. Egon Brunswik sugere que a percepção desses dados em geral conduz a uma série de deformações sistemáticas no ponto de vista da constância do objeto, indicando assim que a percepção é naturalmente enganadora. Piaget é categórico ao afirmar que o centro de seus estudos não está em compreender os motivos de essa percepção ser naturalmente enganadora, mas sim como a inteligência da criança desenvolve-se para então formular um