Peça - Cinco Anos Sem Chover
Cena Um Narradora: Dona Inês, na escola, quase não deu aula. Falou muito tempo sobre a seca. Professora Inês: Este já é o quinto ano sem chover. Há mais de cem ano já havia secas horríveis nessa terra. E, com a pobreza que há por aqui, ninguém nunca pôde fazer nada, a não ser ir embora... O que eu estranho é que se isso se repete tanto, não se faz nada para prevenir... Claro que não é a gente daqui, quase sem recurso nenhum, que pode tomar essas providências. Para prevenir a fome, as doenças que vêm com a fraqueza. Morrem as plantas, morrem os bichos, depois morrem as pessoas... Cena Dois Raimundinho entra na casa. As irmãs estão lá. Ciça, a menor, estava doente. Conceição comia um pedacinho de rapadura. Raimundo: O pai mandou notícia? Mãe: Mandou não, Raimundinho. Ainda está na construção do açude, tentando ganhar dinheiro. Enquanto ele não vem, só temos esse resto de rapadura. Raimundo: Mãe, eu não entendo esse tempo... Outro dia mesmo estava chovendo tanto no Sul do Brasil, alagando casas... E aqui nada. Mãe: Eu nem rezo mais pedindo chuva...
Cena Três Narrador: A irmã mais nova, Ciça, ficou doente. A mãe levou para o hospital. Raimundinho chegou do trabalho. Ele trabalhava com os vizinhos fazendo tijolos com o barro, única coisa que restou do açude. Raimundo: Onde está Ciça? Mãe: Ela não vai mais voltar. Jesuíno bate na porta. Jesuíno: Seu marido foi para São Paulo. Não mandou dinheiro porque precisou para pagar a passagem. Logo que chegar lá e começar a trabalhar, vai dar um jeito de mandar ajuda. E um dia vem buscar vocês. Mãe: Que filho de uma égua! Narrador: A mãe conseguiu que Conceição ficasse com a professora, Dona Inês. Estava decidoda a ir para São Paulo com Raimundo. Os dois andaram até encontrarem um grupo de retirantes. Eram alguns homens, muitas mulheres e crianças. As crianças pendia esmolas aos carros que passavam. Eles continuaram andando,