Percursos Metodologicos De Uma Pesquisa Na Prisao
ROBSON AUGUSTO MATA DE CARVALHO77
Resumo: O artigo se refere ao cenário no qual o percurso metodológico da pesquisa foi construído a partir da relação estabelecida entre o pesquisador e os sujeitos estudados na Penitenciária Industrial Regional de Sobral
(PIRS), entre 2008 e 2009. Nele, atento para a exposição das motivações, das dificuldades, das descobertas, dos erros e acertos, das ansiedades e do medo presentes no processo de investigação. Dadas as especificidades do campo, caracterizadas por tensões e negociações entre os atores sociais da prisão, estratégias e improvisações foram colocadas em prática a fim de conseguir o maior número de informações.
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Palavras-chave: Pesquisa de campo. Metodologia. Técnicas de pesquisa e prisão.
Em seu vagar metódico e desinteressado em busca da ‘verdade’, a investigação envereda por labirintos imprevistos, acabando em terrenos desconhecidos, movediços até, os quais todavia iluminam áreas de pouca visibilidade, atribuindo sentido àquilo que se afigurava à primeira vista marginal, secundário, irrelevante. Desse modo, para as ciências sociais, o recorte teórico-empírico elaborado a priori é tão-somente indicativo, pois o objeto vai sendo construído ao longo do processo de investigação.
Sérgio Adorno, A prisão sob a ótica de seus protagonistas.
A entrada do pesquisador na prisão para realizar uma pesquisa é um momento decisivo e acompanha-se de algumas dificuldades com as quais é necessário lidar. A primeira delas, normalmente, refere-se à autorização para tal empreitada. Muitas propostas de pesquisas que buscaram um contato mais próximo com os presos para a realização de entrevistas foram impedidas, parando na sala do
Diretor, ou tomaram rumos ao encontro de fontes documentais, como regulamentos, normas e estatutos. Embora a produção acadêmica sobre prisões no Brasil seja ainda muito escassa,