Penal e Administrativo

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A Pele Que Habito é um filme diferente na cinematografia do diretor, mas indiscutivelmente um Almodóvar. Estão lá suas obsessões com traição, solidão, identidade sexual e morte. Os planos almodavarianos, os close-ups e as cores - estas mais sombrias - estão lá. A estes elementos típicos de seu cinema, o cineasta acrescentou um misto de ficção científica e horror. Uma amálgama tão complexa, um híbrido tão instável, que somente alguém talentoso como ele poderia ter misturado tais elementos sem criar uma bomba.

A história improvável traz Antonio Banderas como uma espécie de Dr. Frankeinstein, um cientista louco e obstinado, um bem-sucedido cirurgião plástico que, após a trágica morte de sua esposa (que teve o corpo inteiramente queimado em um acidente), parte em busca de uma “pele perfeita”, que poderia tê-la salvado. Sem limites em sua insaciável busca, é capaz de tudo para realizar sua façanha científica. Como os médicos loucos do cinema clássico, recorre a expedientes que variam do questionável ao simplesmente atroz para alcançar seus propósitos. A ‘pele que habito” do título tem diversos sentidos na narrativa, sendo tanto a pele literal quanto a noção metafórica de identidade pessoal.

Abarcar o filme num simples texto crítico é tarefa complexa diante da grandiosidade da obra. O filme transita pela ficção científica e o cinema de terror dos anos 1930 em uma trama densa, repleta de melindres, que oferece novas aberturas e pontos de vista dependendo da perspectiva de quem observa, criando um clima essencialmente dúbio que remete ao cinema noir e seus personagens fracos e moralmente ambíguos.

Ao longo do filme, Almodóvar vai e volta no tempo construindo a historia de forma que as emoções do espectador fiquem sempre no ar, na expectativa do que pode acontecer no momento seguinte. É notável o domínio do diretor sobre o espaço cênico e sobre os limites de seus atores. Temos um Antonio Banderas impecável e seguro no papel do doutor Robert Ledgard. A bela atriz

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