Pedagogia hospitalar
Psicóloga, Psicopedagoga e Mestre em Ciências Aplicadas à Pediatria pela Unifesp.
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Pensar uma brinquedoteca dentro de um hospital que atende crianças e adolescentes com câncer está diretamente relacionado à preocupação em aumentar as suas chances de sobrevida e cura com qualidade de vida.
Para que se possa compreender o papel que uma brinquedoteca pode desempenhar na vida da criança que adoece e de seus familiares, é importante conhecer um pouco do impacto do diagnóstico não só nas suas rotinas, como em suas relações interpessoais e nos papéis desempenhados dentro da família. O diagnóstico de um câncer poderá levar não só a criança doente, como também aqueles que lhe são mais próximos a buscar formas de lidar com uma realidade que, em geral, é vivida com muita ansiedade e apreensão. O tratamento oncológico é longo e implica situações de desconforto físico, chegando, em muitos casos, a ser extremamente dolorosas, além de dificultar a continuidade de atividades importantes e agradáveis das quais antes a criança ou adolescente vinha participando.
Além disso, questões intimamente ligadas às expectativas relativas à vida da criança ou adolescente que adoece começam a ser revistas por todos os que, direta ou indiretamente, se encontram envolvidos nessa situação. Perina (Carvalho, 1994, p. 80), ressalta o lugar da doença em nossa cultura, comentando sobre a posição da família diante do fato: “(ela...) sabe da gravidade da doença e fala do seu medo, culpa e dor de não poder mais viver naturalmente sua vida, uma vez que a doença, no contexto sociocultural em que vivemos, é considerada não como parte integrante da vida, mas como um estorvo. Algo que não deveria nunca nos acontecer, imortais que somos em nossa fantasia”.
Deve-se ter em mente, portanto, que a inserção da criança num processo de tratamento numa instituição hospitalar não fora, de forma geral,