PEDAGOGIA DO OPRIMIDO Resenha Alessandra
Mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se propõem, a si mesmos, como problema. Descobrem que pouco sabem de si, de seu “posto no cosmos”, e se inquietam por saber mais.
A violência dos opressores que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação – a do ser menos.. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscar recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos.
Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos.
A pedagogia do oprimido é um dos instrumentos para a descoberta crítica- a dos oprimidos por si mesmos e a dos opressores pelos oprimidos, como manifestações da desumanização.
O “medo da liberdade’’, que pode conduzi-los a pretender ser opressores também, e também pode mantê-los atados ao status de oprimidos, é outro aspecto que merece nossa reflexão. Os oprimidos temem a liberdade, enquanto não se sentem capazes de correr o risco de assumi-la. E a temem, na medida em que lutar significa uma ameaça.
A libertação é um parto. E um parto doloroso. O homem que nasce deste parto é um homem novo que só é viável na e pela superação da contradição opressores-oprimidos, que é a liberdade de todos.
Quando os oprimidos descobrem o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando sua “convivência’’ com o regime opressor. Os oprimidos no momento de sua libertação precisam reconhecer-se como homens, na sua vocação ontológica e histórica de ser mais.
Não há outro caminho senão o da prática de uma pedagogia humanizadora, em que a liderança revolucionária com eles estabelece uma relação dialógica