Patrimonio
Conceição Belfort Carvalho1 Resumo: Este artigo analisa, a partir de um estudo genealógico de base foucaultiana, como a influência da globalização, da cultura de massa, da indústria cultural promoveu novos conceitos de patrimônio, particularmente o imaterial, na cidade de São Luís-Ma. A presença do bumba-meu-boi, do tambor-de-crioula, do cacuriá, por exemplo, demonstra que a cultura popular constitui os novos atores dignos de se patrimoniarem. Nossa análise parte de um corpus constituído de propagandas turísticas da capital maranhense em diversos suportes midiáticos, tais como folderes, outdoors, a fim de perceber como se constituiu a São Luís da diversidade. Palavras-chave: patrimônio, genealogia, diversidade.
O conceito de patrimônio cultural, à luz da pós-modernidade, vai ganhando contornos que alcançam dimensões amplas, consolidando-se no imaterial, em mecanismos de preservação, que envolvem a cultura e a memória. Num movimento sincrônico de construção identitária, a globalização e a cultura de massa reconfiguram o popular, valorizando-o. Festas como bumba-meu-boi, tambor-de-crioula, cacuriá, em São Luís-Ma, modificam o funcionamento da concepção de patrimônio e se inserem em novos padrões contemporâneos de um mercado capitalista, na contemporaneidade, segundo a qual todas as culturas têm abrigo e produzem a emergência de uma São Luís da diversidade, que por meio do discurso midiático, insurge-se no limiar do século XXI como uma capital onde todas as culturas se encontram. Que discursos e acontecimentos fabricaram e criaram São Luís como o lugar da diversidade, num espaço que reúne a multiplicidade, onde tudo acontece ao mesmo tempo agora? Para responder a essa pergunta, valemo-nos da genealogia foucaultiana a
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Professora Doutora do Departamento de Turismo e Hotelaria, da Universidade Federal do Maranhão; e-mail: cbelfort@globo.com
fim de escavar discursos em sua