Parâmetros para uma educação filosófica no ensino fundamental
Ana Lucia Batista e Neide Ana Pereira Ramos
Resumo
Este trabalho pretende demonstrar que um modelo de educabilidade cognitiva centralizado na prática sistematizada da filosofia em comunidades de investigação, como propõe Matthew Lipman, desenvolve a inteligência em todos os seus aspectos. Por meio do cultivo do pensamento de ordem superior, o potencial dos alunos é amplamente desenvolvido, proporcionando assim uma significativa melhora no desempenho geral, dentro e fora da escola.
1. Introdução
Nos últimos anos a filosofia tem ganhado um significativo espaço no campo pedagógico. Cada vez mais vemos que muitos problemas que incidem na educação infantil dizem respeito à falta de motivação com que os alunos cumprem suas tarefas educacionais corriqueiras. E isto, quase sempre, é resultado de uma falta de sintonia entre os gostos e interesses que eles manifestam e aquilo que lhes é apresentado na escola como algo a ser aprendido de maneira dogmática, havendo poucas possibilidades de questionamentos e/ou opiniões divergentes.
Uma das grandes dificuldades com que se deparam os alunos na escola diz respeito ao modo como as teorias lhes são apresentadas, quase nunca lhes sendo revelado o processo por intermédio do qual obteve-se o resultado em questão. Sendo assim, os alunos são impelidos a decorar fórmulas e regras que em si mesmas têm pouco ou nenhum sentido relacionado à sua práxis, o que, por extensão, torna o aprendizado entediante e descontextualizado para eles, uma vez que o resultado já pronto priva-os de conhecer o percurso que foi feito para alcançá-lo enquanto teoria científica.
Daí a importância de uma educação de base filosófica, mesmo nos níveis mais elementares da formação escolar individual, para que desde cedo as crianças aprendam a questionar, analisar criticamente e divergir (quando for o caso) das opiniões e conceitos pré-estabelecidos.
Reconhecendo que um dos grandes