Paradigmas rivais
PS: AS PARTES EM NEGRITO REFERENSE A CITAÇÕES DO TEXTO
Ciro Flamarion Cardoso inicia em seu texto História e paradigmas rivais (1997) afirmando que o limiar do século XXI foi marcado/simbolizado por uma crise de civilização. Tal crise foi sentida em todas as esferas dos saberes humanos, fazendo com que eles revisem e reestruturassem suas bases epistemológicas. Isso representou, para alguns estudiosos, a mudança do paradigma moderno para o pós-moderno. A disciplina histórica também sentiu seu peso, pois ao invés de procurar estabelecer explicações generalizantes sobre o humano, passou a valorizar a diversidade dos objetos e a alteridade cultural. Segundo Cardoso (2005), até a década de 1960, as teorias acerca das sociedades complexas eram dominadas por duas posições polares: a) as que enfatizavam a interação social; b) as que enfatizavam o conflito social. No primeiro caso, a sociedade é compreendida como uma somatória de indivíduos. Seus elementos básicos são:
1) os interesses sociais são compartilhados mais que opostos; 2) no sistema social, predominam as vantagens comuns, mais do que o domínio e a exploração de uma minoria sobre uma maioria; 3) tal sistema se mantém mais pelo consenso do que pela repressão ou coerção; 4) as sociedades são sistemas integrados que se modificam lentamente, em lugar de mudarem por meio de rupturas descontínuas (CARDOSO, 2005, p. 73-74).
No segundo, há a ênfase no conflito, na luta de classes, ou seja, a sociedade se pautaria na dominação, na exploração, na coerção. Nesse caso, “o sujeito social é visto como um sujeito transindividual, coletivo: classes sociais, não indivíduos” (CARDOSO, 2005, p. 76). Todavia, ambas as posições citadas se embasavam na realização histórica da razão e compreendiam o sujeito como algo dado, conhecido a priori. Foi a partir de finais de 1960, que surgiu uma nova corrente de pensamento contrária às formulações anteriormente valorizadas,