Os paradigmas emergentes Boaventura Santos avalia que os sinais de uma profunda crise do modelo de racionalidade científica são muitos fortes e que estamos a viver um período de revolução científica, embora não se saiba como isso acabará. Há, portanto, em conformidade com o autor, uma crise do paradigma dominante: “A primeira observação, que não é tão trivial quanto parece, é que a identificação dos limites, das insuficiências estruturais do paradigma científico moderno é o resultado do grande avanço que ele propiciou. O aprofundamento do conhecimento permitiu ver a fragilidade dos pilares em que se funda”. O autor assinala algumas condições teóricas para a crise de paradigmas: no paradigma da ciência dominante, a primeira deveu-se a Einstein e à sua teoria da relatividade. • Heinserberg, com o princípio da incerteza, retira o sistema de referência da mecânica newtoniana, ao expressar a impossibilidade de se precisar, num dado momento, a posição das partículas. • A teoria da incompletude de Kurt Godel dessacraliza as certezas matemáticas. Ele mostrou que, se fixarmos as regras de inferência e um número finito qualquer de axiomas (normas admitidas como princípios), haverá asserções precisamente formuladas que não poderemos demonstrar que são verdadeiras, nem que são falsas. • A teoria das estruturas dissipativas, de Ilya Prigogine, segundo o qual processos submicroscópicos pressionam o sistema para além de um limite máximo de instabilidade e o conduzem a um novo estado macroscópico, de equilíbrio dinâmico. A teoria de Prigogine recupera conceitos aristotélicos como os de potencialidade e virtualidade, que a revolução científica do século XVI parecia ter atirado definitivamente no lixo. Essa teoria faz parte, segundo Santos, de um movimento convergente, pujante sobretudo a partir da última década,