PANÓPTIPO DESEJO
Por ANGELI ROSE (... estavam há alguns minutos parad@s, se olhando... nem sempre era assim que começavam as carícias... neste dia sim, fora uma sensação de que nunca mais haveria de se repetir o que por desejo e vontade viria a acontecer inúmeras vezes... e tantas outras...de modo diferente...ou igual,porque o amor era o mesmo,ainda...sem darem por conta de toda a intensidade. Súbito,estava ali,estanque para um observador,vulcânica entre eles,que pensavam nem existir tanto desejo...pra que seguir?...aquilo era já em si tudo, e teria dito quase tudo sobre aquele amor...os olhos convidavam a mais,muito mais,ou menos, à medida que gestos e toques fossem se entrelaçando...quantos amores vivemos num amor...quantas formas de amar vivemos quando amamos?...quantas?quantos?...quantos amores revivemos quando amamos um e somente um amor?...e quantos diferentes amores precisamos viver para conhecer os diferentes amores?...estavam ali...eu sabia que por uma questão de segundos a cena iria mudar,completamente...e tão completa seria a mais inalcançável forma de amar, que se pudesse repetir...Estavam dispostos a isto,eu pensava. Mas o tempo acusava, sorrateiro,implicante,indecente, com toda lucidez sobre a loucura...ela não chegaria. Estavam ali,era isto o que importava. Mais um dia estavam ali, diante de si...até quando alguém de longe gritasse:vai procurar marido!estavam ainda e de novo diante de si e de todos...os outros que já tinham se ido,passado pelas lembranças fugazes, agora .Um presente total acontecia. Um diante do outro e mais nada nem ninguém. Na absoluta intimidade que se possa pensar em ter com alguém que se ama...pensava que fosse assim, sempre,até certo dia em que os vi. Inglórios,sofridos pela razão,os dois povoados de terror e serenidade...a calma de quem sabe não ser possível livrar-se de miradas passadas,de interlocutores desavisados. Mas estavam ali e por isso acreditei que