Os recursos para o bom adestramento
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Capítulo II – Os Recursos Para o Bom Adestramento O poder disciplinar tem a função principal de “adestrar”. A disciplina “fabrica” indivíduos; ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício. Não é um poder triunfante e excessivo, como os rituais majestosos de suplício praticados pelos soberanos; mas se trata de um poder modesto, desconfiado, humildes modalidades dotadas de procedimentos menores. Mas estes procedimentos simples vão pouco a pouco invadir as formas maiores, modificando seus processos. O sucesso do poder disciplinar se deve ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e o exame. A vigilância hierárquica O exercício da disciplina obriga pelo jogo do olhar; um aparelho onde as técnicas(de vigilância hierárquica) que permitem ver induzam a efeitos de poder, e os meios de coerção deixem explícitos aqueles sobre quem se aplicam. Basicamente se trata das pequenas técnicas das vigilâncias múltiplas e entrecruzadas, dos olhares que devem ver sem ser vistos. Esses “observatórios” têm um modelo quase ideal: o acampamento militar. No acampamento perfeito, todo o poder seria exercido somente pelo jogo de uma vigilância exata; e cada olhar seria uma peça no funcionamento global do poder. A geometria dos acampamentos e aleias, o número e a distribuição das tendas, a orientação de suas entradas, a disposição das filas e das colunas, tudo é definido de modo a “desenhar” a rede dos olhares que se controlam uns aos outros. O importante é a visibilidade geral. Esta arquitetura é feita para permitir um controle interno, articulado e detalhado. O velho esquema do encarceramento e do fechamento começa a ser substituído pelo cálculo das aberturas, dos cheios e dos vazios, das passagens e das transparências. A Escola Militar deve adestrar corpos vigorosos, formar oficiais competentes e obedientes e prevenir a devassidão. Para alcançar estas metas,