OS MECANISMO DE DEFESA E A CRISE DE 1929
A política de defesa do setor cafeeiro contribuiu para manter a procura eletiva e o nível de emprego nos outros setores da economia. Vamos vê o que significou isso como pressão sobre a estrutura do sistema econômico. O financiamento dos estoques de café com recursos externos evitava, conforme indicamos o desequilíbrio na balança de pagamentos. Com efeito, a expansão das importações induzida pela inversão em estoque de café dificilmente poderia exceder o valor desses estoques, os quais tinham uma cobertura cambial de 100 por cento. Se todo o aumento da procura tivesse de ser atendido com importações, o multiplicador seria 1, crescendo a renda global apenas no montante em que tivessem crescido as exportações; neste caso não haveria nenhuma possibilidade de desequilíbrio, pois as importações induzidas seriam exatamente iguais ao aumento das exportações. As divisas proporcionadas pelas exportações eram insuficientes, durante os anos de depressão, para cobrir sequer as importações induzidas pela renda criada direta e indiretamente por aquelas mesmas exportações. Isto porque as partidas rígidas da balança de pagamentos constituíam agora, com baixa de preços, uma carga muito maior, e a fuga de capitais agravava a situação cambial. Desta forma, a política de fomento da renda, implícita na defesa dos interesses cafeeiros, era igualmente responsável por um desequilibro externo que tendia a aprofundar-se; a correção desse desequilíbrio se fazia, evidentemente a custa de forte baixa no poder aquisitivo externo da moeda. Como ocorre frequentemente, ao corrigir o desequilíbrio externo, não se conseguia mais que transformá-lo em desequilíbrio interno. Grande parte da procura de mercadorias importadas se contraia com a alta relativa dos preços, tanto mais que se assim não ocorresse a moeda continuaria a depreciar-se ate que a procura de importações se equilibrasse com a oferta de divisas a esse fim. Nos anos de depressão, ao mesmo