Os doze de inglaterra
António Torrado escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
10 de Junho Dia de Camões
A história que vou contar será bom que, de aqui a alguns anos, a leiam em livro, para confirmarem se a contei como deve ser. Tenho as minhas dúvidas... Por enquanto talvez seja cedo, mas, em chegando o tempo certo, procurem-na n' Os Lusíadas, livro de muitas aventuras, que Luís de Camões escreveu em versos grandiosos e resplandecentes, onde sobressaem o orgulho de ser português e a voz "nua e pura" de um grande poeta. Desculpem-me este começo solene, tão fora da minha maneira de contar, mas prometo que, de ora em diante, a história vai ganhar velocidade e galopar a toda a brida. A expressão "correr ou galopar a toda a brida", que é a rédea do cavalo pegada ao freio, tem a ver com correrias à desfilada por estradas poeirentas, quando outro não era o meio de transporte de quem pretendia fazer longas viagens. 1
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Nessas épocas remotas, em que ainda não havia aviões nem automóveis nem comboios, os viajantes por terra tinham de saber andar a cavalo ou nunca iriam longe. E, mesmo que fossem bons cavaleiros, muitos perigos defrontavam durante o caminho, além de que corriam o risco de se atrasarem e de não chegarem a tempo. Veja-se o caso do Magriço, nome por que era conhecido Álvaro Gonçalves Coutinho, destemido cavaleiro da corte do nosso rei D. João I, não sei se estão a par. Como tudo isto se passou há cerca de 600 anos, é natural que não se lembrem. Mas cá estou eu, à conta do Luís Vaz de Camões, para vos trazer alguns pormenores mais. Deu-se o caso que doze damas da corte inglesa, de saias a arrastar e chapéus pontiagudos de fada, se sentiram ofendidas por uns grosseirões duns nobres, de má catadura e pior educação. Uns "holigans" do tempo, não sei se estão a imaginar. Como eles eram de força e elas fracas, procuraram quem as substituísse e desse aos brutamontes a lição merecida. O