Os Donos do Poder
Acima dessa classe dominante, que se renova na democracia através do voto, está o estamento burocrático. Segundo o autor, o estamento burocrático durante muitos séculos, no período aristocrático, se formou pela nobreza. Com o passar do tempo e a consolidação da democracia, esse grupo passou a ser formado por “militares, bacharéis, médicos, enfim, altos funcionários públicos ou agentes do Estado (...).”
Assim, a classe dominada busca quebrar essa relação de soberania através do enriquecimento ou pelo voto, usando-se da democracia. Esses tentam, segundo Faoro, sair do regime patrimonial-estamental para o regime patrício-plebeu, fazendo-se necessário a sazonalidade dos membros do Estado.
Para o autor para que ocorra essa “quebra” na soberania são necessários três processos: “a nacionalização das instituições governamentais e do pessoal político e governamental”, “a participação do poder majoritário nas operações do poder minoritário” e “a organização da confiança, testemunha ao poder minoritário pelo poder majoritário”. Faz-se necessário para a concretização desses processos que cargos públicos sejam oferecidos através de concursos e políticos sejam eleitos através do voto, que as eleições sejam feitas sem qualquer tipo de pressão sobre o eleitor e por fim que o povo demonstre sua confiança através de plebiscitos no assuntos em que o destino do país esteja em pauta.
No entanto, Faoro expõe que nenhum desses três processos se aplicava no Brasil daquele tempo. Isso por que o povo era ignorante e desinteressado por política, fato que pouco mudou; não existiam concursos públicos, sendo os funcionários nomeados, e por fim, havia a total