Os circuitos da produção
Como a produção do espaço resulta do trabalho social que se funda no sistema técnico imperante em cada fase da história, o conjunto das tarefas executadas pela sociedade reflete a correlação entre espaço produzido e as técnicas disponíveis em determinada época, também chamada de ciclo. O Brasil nasceu na região do nordeste atual, do litoral ao interior ou o amplo sertão nordestino, com a pecuária. Neste, sucederam do séc. XVII ao XXI vários sistemas técnicos da pecuária, cotonicultura, extrativismo, agroindústria e turismo. Cada um com suas especificidades de trabalho. Tomamos, como referência territorial, uma parte de uma das unidades político-administrativas, o estado do Ceará no Nordeste Oriental, cujo trabalho sempre esteve ligado, direta ou indiretamente, à ordem internacional, quer da metrópole (Portugal) quer de outros mercados1.
Palavras-chave: sistemas técnicos, pecuária, atividades extrativas, agroindústria e turismo.
O espaço, como produto do trabalho social, estabelece a condição de continuidade da sociedade, pois cada nova geração sobrevive utilizando-se dos objetos do passado, superpondo-lhes ou acrescentando-lhes outras criações. O geógrafo Allen Scott (1988) diz que "sob as pressões da acumulação, o mundo social está continuamente sendo transformado e retransformado". Com o tempo, o espaço se torna mais complexo e, com as novas condições de comunicabilidade entre os grupos sociais, o espaço ultrapassa o local, tornando-se universal.
As técnicas de uma época estão no espaço produzido. O tempo está, assim, no espaço. Neste, o tempo se denuncia pela presença de diferentes modos de produção. Dizer que "cada vez que o uso social do tempo muda, a organização do espaço muda igualmente. De um estágio da produção a outro, de um comando do tempo a outro, de uma organização do espaço a outra, o homem está cada dia e permanentemente escrevendo sua História, que é ao mesmo tempo a história do trabalho produtivo e a história do