os caipiras
Para Darci Ribeiro, a área cultural caipira é um modo de vida que se difunde paulatinamente a partir das antigas áreas de mineração e dos núcleos de produção artesanal e de mantimentos que a supriam de manufaturas, de animais de serviço e outros bens. Esparramou-se, ainda segundo Darci Ribeiro, por toda a área florestal e campos naturais do centro-sul do país, desde São Paulo, Espírito Santo e estado do Rio de Janeiro, na costa, até Minas Gerais e Mato Grosso. O único recurso com que conta essa economia decadente é a vasta mão-de-obra desocupada e terras virgens despovoadas e sem valor. Com essa base, instala-se uma economia natural de subsistência, dado que a comercialização era limitada. Difunde-se, desse modo, uma agricultura itinerante, a derrubar e queimar novas glebas de mata para a roça, combinada com a caça, e coleta. Dada a dispersão do povoamento, há de um lado a existência de famílias vivendo isoladas e, de outro, alguns bairros rurais.
Essas populações desenvolvem formas de convívio e ajuda mútua nas atividades agrícolas, bem como formas de religiosidade peculiares, em torno de capelas e igrejas, onde em domingos e feriados é reverenciado o santo padroeiro.
Esse mundo caipira é desarticulado pelo advento da monocultura café e cana, no centro-sul, e pelas fazendas de gado, assim como pela urbanização crescente e pela luta e grilagem das terras. A pequena propriedade caipira acabou, em grande parte, sendo incorporada pela grande propriedade, e somente conseguiu subsistir em nichos onde a mecanização agrícola não pôde avançar, como nas áreas montanhosas da Mata Atlântica e da serra do Mar. Em Digues e Arruda, cerca de 62% das publicações