Os abusos em Abu Ghraib
Médicos militares americanos não qualificados, que serviam na prisão iraquiana de Abu Ghraib, realizavam amputações, usando material reciclado e poucos equipamentos disponíveis para tratar a multidão de prisioneiros, logo depois a queda de Bagdá, de acordo com matéria da revista Time que estará nas bancas nesta segunda-feira.
Segundo um relatório sobre o assunto, divulgado pela revista, havia, inclusive, ordens médicas para encobrir homicíos dentro das prisões.
Embora a prisão, nos arredores de Bagdá, estivesse cheia, com sete mil detidos - muitos deles com sérios problemas de doença mental - por muito tempo não houve médicos disponíveis, em seguida à invasão do Iraque.
"Camisas-de-força nem sempre disponíveis, correntes - tais como as usadas pela soldado Lynndie England, envolvida no escândalo de torturas na prisão - foram usadas em Abu Ghraib para controlar os detidos com distúrbios mentais, muitas vezes com a aquiescência de médicos", diz a matéria.
England foi acusada de práticas de abuso contra os prisioneiros iraquianos. Ela se tornou famosos por fotografar um dos presos nus, amarrados com uma correia no pescoço.
Relato
Em declarações obtidas pela American Civil Liberties Union, a Time relatou que um médico do Exército baseado em Abu Ghraib disse ter examinado de 800 a 900 detentos por dia, após ser admitido. Considerando-se um turno de 12 horas diárias de trabalho, isso dá menos de um minuto para cada consulta.
O documento também cita o capitão da Guarda Nacional Kelly Parrson, um físico assistente, que trabalhou em Abu Ghraib no final de 2003 e em 2004 e ficou gravemente ferido em um ataque rebelde. Parrson contou à revista que, muitas vezes, ele e outros funcionários faziam amputações e outros procedimentos nos detentos, os quais deveriam ser realizados por cirurgiões.
"Eu tirei um tornozelo e uma meia perna", relatou. "Não havia mais ninguém, e era a amputação ou a morte. Você