Ordem social, baseado no texto riqueza das nações
Há muitas teorias sobre a origem do termo Renascimento, mas a que mais se adequa aos objetivos do presente trabalho - e ao próprio termo, talvez – é a ideia do renascimento do homem. O homem renascentista deixa de ser um figurante das tramas celestes e passa a ser o centro, o protagonista de sua própria história. Com a diminuição da importância divina, abre-se espaço para entender como a realidade pode ser explicada com elementos próprios. Os avanços de Galileu na física são emblemáticos. Essa busca repentina pelo conhecimento não deve ser tomada com espanto; é reflexo da percepção de que o homem, ao menos na Terra, estava só. Desse vazio impotente urge uma necessidade de entender como as coisas são de fato. A explicação deve ser pautada na realidade. Os físicos empreendem-se no estudo dos movimentos; “quais leis servem de base para a natureza?” se perguntam. Outros pensadores, por sua vez, buscam entender quais as leis que regem a estrutura social. Explicação essa pautada exclusivamente nas ações humanas.
Apresentaremos, de forma sucinta, a evolução desta análise, concentrando-nos no método escolhido por cada autor para justificar a coesão social.
Maquiavel
Maquiavel é o primeiro a tentar romper com a análise medieval - que via o homem como um ser perfeito, visto que era “imagem e semelhança de Deus” - no campo da política. Partindo de uma necessidade prática, a de aconselhar um monarca na arte de governar, aprofunda seu olhar sobre a realidade de forma crítica. Analisa o homem como ele realmente é, com seus vícios e paixões, no lugar do homem idealizado; os conturbados reinos europeus no lugar da república platônica, o príncipe de carne e osso no lugar da figura semidivina (BIANCHI, 1988). A passagem abaixo, d’O Príncipe, exemplifica a preocupação do autor pela análise realista, mesmo correndo o grave risco de ofender o seu soberano.
“Deixando de lado, portanto, as coisas que se ignoram com relação ao príncipe