Oralidade Português
Análise Poética
Chove. É dia de Natal. A
Lá para o Norte é melhor: B
Há a neve que faz mal, A
E o frio que é ainda pior. B
E toda a gente é contente C
Porque é dia de o ficar. D
Chove no Natal presente. C
Antes isso que nevar. D
Este poema de Fernando Pessoa pertence cronologicamente ao Modernismo português, cujo ideal é quebrar regras com a tradição formal, apresenta-se com forma fixa de quatro estrofes, cada uma contendo quatro versos
Cada verso está dividido em sete sílabas poéticas (redondilha maior), e o poema apresenta rimas cruzadas/ alternadas (ABAB – CDCD – EFEF – GHGH).Destaca-se a predominância de rimas ricas.
Do ponto de vista semântico, o “eu” lírico diz que chove no Natal, contudo declara que o Norte é o melhor lugar para ficar nesse período, pois, lá o frio torna-se pior do que o que já está a sentir. “Lá para o Norte é melhor/ Há a neve que faz mal,/ E o frio que é ainda pior.” – Antítese
Nesses versos podemos perceber a antítese, isto é, a oposição de ideias, isso porque combinaria mais com o espírito do sujeito poético que não concorda com o clima de alegria trazido pelo natal.
Esse dia deixa as pessoas contentes, pois há a troca de presentes - a palavra “presente” no terceiro verso da segunda estrofe é ambígua, pois pode ser o presente (tempo) ou o presente (substantivo – do ato de presentear).
Todas as pessoas neste dia estão contentes, eis porque Pessoa inveja as celebrações. O “eu” prefere o Norte, dado que situa-se longe da sua cidade natal. Na segunda estrofe, “E toda a gente é contente/Porque é dia de o ficar.”, o poeta evidencia uma ironia amarga, por um lado o “eu” identifica a felicidade algo falso, porque é só celebrada no Natal, contudo o sujeito poético inveja por não a ter para si mesmo.