Oralidade em sala de aula
A introdução da teoria dos gêneros do discurso nas práticas escolares de ensino de língua trouxe em seu bojo, dentre outras coisas, a ideia de que é preciso trabalhar a oralidade em sala de aula. Essa ideia tem aporte na concepção de que todas as situações de uso da língua são realizadas lançando-se mão de determinado gênero do discurso, incluindo aí as situações de uso da língua que se concretizam por meio da fala.
No entanto, é certo que, em se tratando do lugar da oralidade na escola, falta clareza sobre o que (e como) ensinar. E essa falta de clareza pode ser explicada por fatores diversos: apesar de surgida há menos tempo do que a fala, a escrita ocupa um lugar de prestígio e de centralidade em sociedades como a nossa; portanto, cria-se a ideia de que a fala é secundária em relação à escrita. Essa concepção, em âmbito escolar, alimenta práticas que priorizam a escrita em detrimento de práticas de uso da fala.
A linguagem oral é um dos aspectos fundamentais de nossa vida, pois é por meio dela que nos socializamos, construímos conhecimentos, organizamos nossos pensamentos e experiências, ingressamos no mundo. Assim, ela amplia nossas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. Nesse sentido, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil afirma que:
“a aprendizagem oral possibilita comunicar ideias, pensamentos e intenções de diversas naturezas, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais. Seu aprendizado acontece dentro de um contexto. Quanto mais as crianças puderem falar em situações diferentes, mais poderão desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa” (1998,vol.3,p.120).
A criança deve acostumar-se desde cedo com a naturalidade da variação linguística, a fim de que possa identificar a forma mais adequada de uso de um registro sem menosprezar uma