Olhar sobre racismo no Brasil 1
Pensar
A GAZETA
VITÓRIA,
SÁBADO,
17 DE NOVEMBRO
DE 2012
história
No livro “Preto no Branco: Raça e Nacionalidade no Pensamento Brasileiro”, Thomas E. Skidmor
OLHAR SOBRE
O RACISMO
NO BRASIL
PROFESSORA DE HISTÓRIA DA UFES ANALISA CLÁSSICO DE
AUTOR AMERICANO QUE ABORDA QUESTÃO RACIAL NO PAÍS
A
reedição de “Preto no Branco: Raça e Nacionalidade no Pensamento Brasileiro”, lançada neste ano, tem a pretensão de classificar a obra como um clássico, pois
“persiste como rumor”, explica Lília Moritz
Schwarcz. De fato, “Preto no Branco”, cuja pesquisa data da década de 1970, configura-se como citação obrigatória em todos os trabalhos sobre raça no Brasil. O autor é Thomas Skidmore, atualmente com 80 anos, que cumpre o desafio de sobreviver ao mal de Alzheimer. Sua dedicação aos assuntos brasileiros surgiu de um convite do Departamento de História de Havard para estudar a América Latina, deixando para trás o assunto de sua tese de doutorado sobre a História Moderna da
Alemanha. Pelo arrolamento alentado de fontes, parece que Skidmore abraçou o convite com enorme gosto e inegável competência. De posse de uma bolsa de pós-doutorado por três anos, ele realizou levantamentos de documentos aqui em nosso país e nas bibliotecas norte-americanas. Contou ainda com a ajuda de alunos extraordinários como os historiadores Thomas Holloway e Mary Karasch
(cujas teses sobre o Brasil se encontram também publicadas em português).
A obra de Skidmore discute três questões fundamentais. A primeira é a ir-
REPRODUÇÃO
resistível comparação com os Estados Unidos em relação às concepções de raça e racismo. Essa questão perpassa todo o livro, insistentemente considerada. A segunda é a imbricação entre tais noções e o pensamento político nacional do Brasil. E, por fim, não menos importante, o modo como a intelectualidade brasileira enfrentou as teorias científicas e racistas na virada do século XVIII para o XIX.
Raça
José do Patrocínio: mulato que tinha acesso à elite nacional brasileira