Oganização Espacial
1.1. Na discussão sobre a natureza da geografia, a questão mais central, persistente e polêmica é a de seu objeto.
1.2. A história, a antropologia, a economia, a geografia e a sociologia, entre outras ciências sociais, estudam a sociedade.
1.3. Os numerosos componentes da sociedade estão articulados, imbricados de tal modo, que se fala de uma totalidade social, cuja complexidade abarca as contradições internas e o movimento de transformação.
1.4. Assim, torna-se difícil a compreensão da sociedade a partir de uma única ciência social concreta, capaz de analisar detalhadamente todos os seus elementos, bem como as suas possíveis articulações.
1.5. O objeto da geografia é a sociedade, e não a paisagem, a região, o espaço ou outra coisa qualquer.
1.6. A objetivação do estudo da sociedade pela geografia faz-se através de sua organização espacial, enquanto as outras ciências sociais concretas estudam-na através de outras objetivações.
1.7. Resumindo, o objeto da geografia é, portanto, a sociedade, e a geografia viabiliza o seu estudo pela sua organização espacial. Em outras palavras, a geografia representa um modo particular de se estudar a sociedade.
1.8. Consideraremos, em termos de organização espacial, os seguintes tópicos: uma proposição conceitual; suas ligações com o capital e o Estado; vista como reflexo social; sua condição para o futuro; estrutura, processo, função e forma, ou seja, suas categorias de análise e suas relações com os movimentos sociais urbanos.
2. Organização espacial: uma conceituação
2.1. A partir da necessidades do homem em termos de fome, sede e frio, verifica-se uma ação de intervenção na natureza.
2.2. A intervenção na natureza foi, em um primeiro momento, marcada pelo extrativismo, passando em seguida por um progressivo processo de transformação, incorporando a natureza ao cotidiano do homem como meios de subsistência e de produção, ou seja, alimentos, tecidos, móveis, cerâmica e ferramentas.
2.3.