Odebrecht x Gradin
Antes de tudo isso vir a tona, ao longo de quase 40 anos, os negócios da família Odebrecht, controladora do sétimo maior grupo privado do Brasil, contaram com a discreta participação de outro clã baiano, os Gradin.
Em 1974, o patriarca da família, Victor Gradin, então com 41 anos de idade e dono de uma empresa de importação e exportação e de um pequeno banco em Salvador, foi convidado por Norberto Odebrecht, fundador do grupo e à época com 54 anos de idade, a fazer parte do que até aquele momento não passava de uma construtora com atuação nacional.
O que se viu nos anos seguintes foi um misto de parceria nos negócios e o desenvolvimento de uma profunda amizade. Homem de confiança de Norberto, Victor tornou-se vice-presidente financeiro da empresa e participou de sua expansão na área química e no front internacional.
Paralelamente, tornou-se o maior acionista individual da companhia ao adquirir 10% das ações da Odebrecht na bolsa de valores durante os anos 70. (Essa participação viria a dobrar no início da última década.) A ligação entre Norberto e Victor era tão próxima que a convivência entre seus filhos e netos — tanto nas empresas do grupo quanto em eventos sociais — se tornou algo natural.
A sociedade cultivada por Norberto e Victor durante décadas acaba de ser colocada em xeque — justamente no período em que a Odebrecht atravessa sua melhor fase, com atividades em 20 países e faturamento de 40 bilhões de reais. A disputa, como é de imaginar no caso de uma companhia dessa