Objeto e método da Sociologia
A árdua tarefa a que está incumbido o cientista social de analisar, interpretar e de transpor o entendimento da realidade social para patamares de inteligibilidade, tem suscitado imperativamente que essa mesma análise abandone os seus limites particulares e passe a ocupar um plano total na sua expressão.
Este método, de analisar e de compreender a realidade social, passando por um plano de perspectivas e de dimensões científicas distintas remonta o século XIX, quando Karl Marx e August Comte demonstraram explicitamente que os fenómonos económicos, são também eles fenómonos sociais e políticos.
Tais perceitos, enunciados por estes dois autores elucidam-nos claramente que a realidade social assume um elevado nível de complexidade, inviabilizando por completo que a mesma seja redutível, ou que o seu conhecimento seja esgotado numa só perspectiva de análise.
Os factos sociais são eles mesmos pluridimensionais, logo a sua pluridimensionalidade tem que ser inteligível por uma pluridimensionalidade de perspectivas de análise, ou seja um facto só é considerado facto social se for apreendido e compreendido por diferentes campos científicos, por isso passa a ser classificado como sendo um facto social total.
Marcel Mauss, estabeleceu alguns princípios que serviram de base e de fundamento para esta discussão ao mencionar que, “qualquer facto, quer ocorra em sociedades arcaicas quer ocorra em sociedades modernas é sempre complexo e pluridimensional”. Significa que esse mesmo facto, assume inúmeras proporções e que a sua inteligibilidade é extensível a diferentes horizontes e fronteiras de conhecimento. Cada ângulo ou perspectiva de análise, intervém no sentido de ceder o seu contributo intelígivel na dimenão do fenómono que lhe é legítimo intervir. Por exemplo, na realidade social, ou mais concretamente nos factos de carácter social, a sociologia intervém na dimensão sociológica desse mesmo facto, a economia dá o seu contributo no plano económico