Não ser e o erro
11) O Problema do erro e a questão do não-ser.Um discurso falso se refere a algo que seja “contrário” daquilo o que realmente é, ouseja, “são os não-seres, o que a opinião falsa concebe.” Para o Estrangeiro, esta conclusãoserviria de refúgio ao sofista que tentaria refutar sua acusação – que este seria um meroprodutor de simulacros – com base na teoria de Parmênides de que o não-ser é impensável eindizível. Mas a imagem produzida pelo simulacro seria um objeto parecido com o verdadeiro.Sendo o ser o que há de real, a imagem não poderia ser senão na dimensão do irreal, ou seja,um “não-ser irreal”. Desta forma, o Estrangeiro afirma: “Na falsidade dos discursos e opiniõeso não-ser de alguma forma é”
A sofística tem um estatuto ontológico muito próximo da imagem: para entender a natureza do sofista será preciso descobrir a natureza da imagem (aquilo que parece ser, mas não é), o que nos conduzirá ao problema da mimesis (a mimética, arte da imitação, uma brincadeira sábia e graciosa), obrigando-nos a aceitar a imagem como algo que, mesmo não sendo, é, ou seja, que possuí uma realidade.
Tudo o que é pensado, é: não é possível pensar o que não é. O pensamento é a medida do ser.
Resulta rigorosamente deste princípio, e os sofistas logo o perceberam, que o erro é impossível. ‘Nada é falso’, dizem Protágoras e Eutidemo, pois errar seria pensar ou dizer o que não é, isto é, não pensar nada ou não dizer nada
A arte sofística seria a produção e execução de “todas as coisas” através de uma única arte, a mimética, na qual seriam produzidas imitações da realidade- através de ficções verbais- que nos dariam a ilusão de que tudo o que é falado também é verdadeiro. Tal arte poderia manter as mesmas proporções da realidade (reprodução com “fidelidade”), eis a arte de copiar; caso as proporções não fossem mantidas, tal como um pintor que representa a realidade com proporções que nos dão ilusões, iríamos ao encontro da arte do