Não criticar a alguém
Crítica de um crente a outro de diferente denominação ocorre a todo o momento. No Brasil, por exemplo, católicos criticam evangélicos e vice-versa a todo o instante. Trata-se de um grande avanço, porque, no mundo, houve época em que as discórdias se transformavam em “guerras santas”, alimentando rios de sangue.
O fato é que, hoje em dia, crítica de ateu à religião, por mais bem educada que seja — destacando, por exemplo, as inumeráveis contradições blíblicas — é considerada pelos crentes mais devotos como ofensa ou desrespeito — ataque de um “inimigo”. Se a crítica partir de outro crente, ela é "aceitável", porque, no caso, vem de apenas um “adversário”, de alguém que não pertence à “verdadeira” igreja.
Os crentes se sentem ofendidos pelos questionamentos dos ateus principalmente a partir de 2001, quando uma nova geração de descrentes saiu do “armário” com fortes críticas às religiões por causa do ataque terrorista em nome de Deus às torres gêmeas de Nova Iorque.
Roy Speckhardt, diretor-executivo da Associação Humanista Americana, tem duas explicações para esse melindre de religiosos.
Para ele, a crescente intolerância para com os ateus se deve ao fato de os crentes estarem na defensiva, não só porque as crenças se encontram sob intenso questionamento, mas também por estar ficando cada vez mais evidente que a prática de uma religião está longe de ser um atestado de moralidade.
Sempre foi assim, obviamente, mas agora, com a difusão rápida das informações, toda a sujeira de religiosos e seus líderes, em dimensões não imaginadas, tem sido exposta de forma objetiva e contundente, como no caso da grande legião de padres pedófilos.
A segunda explicação, segundo Speckhardt, é que a crítica de um crente a outro não invalida a religião, mas de um ateu sim, porque ele mina os alicerces onde se