Nutrição
Os transtornos do comportamento alimentar, bem como suas formas subclínicas ou parciais, são quadros psiquiátricos que afetam principalmente mulheres adultas jovens e adolescentes, com elevada morbidade e mortalidade1.
Este estudo tratará especificamente da bulimia nervosa (BN) e do transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), pois, embora estejam classificados de forma independente, os dois transtornos estão intimamente relacionados. O TCAP difere da BN por não apresentar uso de comportamentos compensatórios.
A BN é caracterizada por grande ingestão de alimentos de uma maneira muito rápida e com a sensação de perda de controle - os chamados episódios bulímicos. Estes são acompanhados de métodos compensatórios inadequados para o controle de peso, como: vômitos auto-induzidos (em mais de 90% dos casos), uso de medicamentos (diuréticos, laxantes e inibidores de apetite), dietas e exercícios físicos, abuso de cafeína ou uso de cocaína2.
Já os critérios propostos para o TCAP estão referidos no apêndice B do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV)3, inseridos apenas recentemente, em 1995, e ainda em fase de pesquisa para aprovação como uma nova categoria diagnóstica. Esse transtorno caracteriza-se por compulsão alimentar seguida de angústia, sensação de falta de controle e ausência de comportamentos regulares voltados para a eliminação do excesso alimentar. Estudos epidemiológicos apontam que a BN ocorre em cerca de 1% das mulheres jovens ocidentais4 e que as síndromes de transtornos alimentares parciais ou de transtorno alimentar, sem outra especificação, aplicando os critérios do DSM-IV, ocorrem em 2 a 5% das mulheres jovens5. A maioria dos pacientes com o transtorno é obesa. A sua prevalência na população, em geral, é em torno de 2%6.
Coutinho & Póvoa7, a partir de um estudo multicêntrico com 1.984 indivíduos, encontraram uma prevalência de 30% do TCAP entre pacientes em tratamento para emagrecer. No