Na concepção atual do termo, "Nova História Cultural" refere-se a uma modalidade historiográfica que se vale de correntes interdisciplinares em suas análises. Sempre buscando uma abordagem dinâmica, a Nova História Cultural se propõe a identificar o modo como uma determinada realidade é construída e entendida, e o modo pelo qual as práticas, representações e ideologias relacionam-se e modificam essa realidade. A fim de compreender o fenômeno da Nova História Cultural, é necessário primeiro pontuar os desdobramentos que essa modalidade tem sofrido nas últimas década do século passado, a começar pela ciência da Antropologia. O estudo antropológico, um dos mais relevantes nesse contexto, proporcionou a abordagem da "descrição densa", cuja preocupação era a atenção aos detalhes, atingindo, desse modo, questões sociais mais amplas. Outra contribuição da Antropologia se baseia na busca da alteridade, isto é, na relação social de contraste e diferença, como uma possibilidade de enriquecer, ou iluminar, ambas as culturas confrontadas. Uma nova corrente diz respeito ao discurso e à simbologia da vida sociocultural. Essa corrente é baseada na ideia de que as práticas discursivas, quaisquer que sejam, também são uma forma de produção cultural, bem como a reinterpretação de discursos tidos como impostos, num processo chamado de reinvenção do cotidiano, produzida pela própria pessoa comum. Em segundo lugar, se faz necessário discutir conceitos recorrentes nas abordagens da Nova História Cultural, o de "práticas" e o de "representações". Essas duas noções complementares poderiam ser expressas também por "modo de fazer" e "modo de ver", respectivamente. As práticas culturais referem-se, pois, não apenas às técnicas objetivas de produção e realização, como a produção de um produto manufaturado, mas também à subjetividade expressa de uma sociedade: o modo pelo qual os indivíduos comportam-se e são tratados, por exemplo. De modo análogo, pode-se usar a figura do mendigo para