Nos jardins do tempo: Memória e história na perspectiva de Pierre Nora
Um problema que envolve atualmente a questão da memória é a grande quantidade de informações que são reproduzidas atualmente, ou seja, vivemos em um mundo hoje, que é marcado pelo processo de globalização, onde os meios de comunicação trazem noticias a todo instante. Nesta análise, segundo Pierre Nora, a história passa a ser mais dinâmica, rápida, a duração do fato é a duração da noticia. Nesse sentido o que se percebe é que o tempo para se analisar um fato se torna muito menos acessível, em vista da pouca durabilidade que este fato se apresenta, pois, mal tomamos conhecimento de um determinado acontecimento, já surge outro possível de análise.
Nessa assertiva, Sônia Meneses nos vem dizer que “o século da mídia espetacularizou o acontecimento, oferecido como mercadoria em uma feita barulhenta, tornando-o indomável.” (MENESES, 2007, P. 190). A partir da segunda metade do século XX ouve uma abundancia acontecimental difundida pelos meios de comunicação, que como afirmou Nora, “um acontecimento sem historiador.” É como se os acontecimentos não fossem mais construídos, elaborados, com sofisticadas metodologias de investigação, mas sim, fossem dados para simples visão.
Nas palavras de Nora “o passado vai cedendo seu lugar para a ideia do eterno presente, através do uso da expressão aceleração da história.” Essa aceleração de eventos desencadeou um grande problema: diante de uma infinidade de fatos o que fazermos para determinado acontecimento se tornar conhecimento histórico? Essa pergunta nos faz refletir sobre dois aspectos: a memória e o esquecimento.
Em primeiro lugar é necessário segurar traços e vestígios, no intuito de não entrar no efeito devastador da rapidez contemporânea. Através da lembrança atamo-nos a um passado que se dobra e se desdobra, e para segurar esses traços e vestígios é necessário que a nossa memória selecione aquilo que é mais importante para ser