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Eduardo Jardim de Moraes
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2 1 de junho de 1925 o Jor nal do Comércio do Recife publicou uma entrevista feita por Joaquim Inojosa com
Oswald de Andrade, naquele mo mento de passagem pela cidade. Na ocasião, tratava O escritor paulista de expor sua compreensão dos rumos que vinha tomando o movimento mo dernista. Oswald de Andrade é apre sentado pelo diário pernambucano como um "dos que em São Paulo pri meiro ergueram a voz em defesa do movimento renovador". E acrescenta a reportagem: "preocupa-o, apenas, o que diga respeito à modernidade, re sidindo aí o seu maior empenho". 1
Em seguida à apresentação, a palavra é do entrevistado:
"Linda cidade, o Recife. Foi uma surpresa para mim. E o será para quantos o visitarem. Como é que no Brasil existe uma cidade de aspecto tão encantador, e não na conhecem todos os brasileiros, e a ignora a maioria dos sulistas?
A
Sinto-me encantado com estas pai sagens, o verde destas árvores, as palmeiras, os bananais, tudo. Sin to-me brasileiro aqui. Aos pernam bucanos compete trabalharem pa ra que não desapareça, e, antes fulgure mais intensamente, o es pírito de brasilidade. Veja as co res destas casas antigas: excelen tes; repare na pintura destas ca� sas modernas: horríveis. Horríveis para nós, para o nosso ambiente.
A arquitetura deve refletir a pai sagem. A daqui apresenta tonali dades diversas, sedutoras, maravi lhosas. Por que não aproveitá-Ia no cadinho da arte? Por que aban doná-Ia pela importação estran geira? E não se pense que há in coerência nas minhas expressões. porque sou modernista. Sou-o so bretudo, por ser brasileiro. Quero, por isso, a formação de uma arte nacional, que se há de extrair, sem dúvida, da obra dos antepas sados. Podemos muito bem cons truir um arranha-céu numa arte nossa, sem ser esta arquitetura de
Este artigo é o desenvolvimento de uma reflexão já apresentada em meu livro
brrlsilidade