no principio era a agua- jacyntho lins brandão
Leitmotiv, vídeo, 2011
rev. ufmg, belo horizonte, v. 20, n.2, p. 22-41, jul./dez. 2013
brandão, j. l. no princípio era a água
NO PRINCÍPIO ERA A
ÁGUA
jacyntho lins brandão*
resumo Este trabalho trata das cosmogonias babilônicas que instituem a água como o princípio de tudo, bem como das tradições grega e hebraica delas dependentes. No poema intitulado Enuma elish, escrito provavelmente no século XII a.C.,
Apsû e Tiamat – a água das fontes e a água do mar, respectivamente – são apresentados como os primeiros deuses, a partir dos quais o mundo ganha forma. Ressalta-se como, provindo de povos que vivem no deserto, esses mitos sublinham o caráter da água como fonte de vida, ao mesmo tempo que elaboram uma imagem do mar como uma força perigosa que é preciso conter em seus limites, tarefa que cabe ao mais jovem dos deuses, responsável pela ordem do mundo.
palavras-chave Cosmogonias babilônicas. Cosmogonias hebraicas. Cosmogonias gregas.
IN THE BEGINNING WAS THE WATER
abstract This paper discusses the Babylonian cosmogony establishing water as the beginning of everything, as well as
Greek and Hebrew traditions dependent on them. In the poem entitled Enuma Elish, probably written in the 12th century BC,
Apsû and Tiamat – spring water and seawater – are presented as the first gods, from which the world takes its origin. It is noteworthy how, coming from people who live in the desert, these myths emphasize the character of water as a source of life, while working out an image of the sea as a dangerous force that is to be contained within its limits, task for the youngest of the gods, responsible for world order.
keywords Babylonian cosmogonies. Hebrew cosmogony. Greek cosmogonies.
*Professor de Língua e Literatura Grega da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
E-mail: <linsbrandao@gmail.com>. rev. ufmg, belo horizonte, v. 20, n.2, p. 22-41, jul./dez. 2013
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brandão, j. l. no princípio era a água
1. A cópia de que