ANÁLISE CRÍTICA A obra No Moinho é essencialmente realista ao analisar as vertentes do casamento em pleno século XIX. De maneira geral, a obra apresenta a trajetória de uma “senhora modelo” que por conta de um simples beijo de Adrião, primo de seu marido, se transforma em uma mulher adúltera e promíscua. Eça de Queirós tem profunda preocupação em caracterizar detalhadamente seus personagens e relatar suas dores e preocupações. Percebe-se também que o ambiente influencia o humor e o comportamento dos personagens. No caso da obra No Moinho, o ambiente é fechado e monótono, o que propicia o tédio e a melancolia da protagonista. A mudança de personalidade de Maria da Piedade se dá a partir do momento da chegada de Adrião que lhe revela o romanticismo mórbido e lhe faz visualizar outras possibilidades para sua existência, além daquela de enfermeira da sua família enferma. A esposa de João Coutinho, por fim, descobriu a sensação de alívio e prazer ao ler os livros de romance, sobretudo o de Madalena. Nesse contexto, vale ressaltar que Madalena revela a figura de uma mulher adúltera, levada pelos escribas e fariseus à presença de Jesus no templo para ser punida. Enfim, Maria da Piedade muda radicalmente de atitudes, chega até mesmo a se relacionar amorosamente com um ser odioso e sebento, o praticante da botica, fato que impacta a sociedade da época a partir de seus valores éticos e morais. A frase final do autor da obra, “A Santa tornava-se Vênus.”, exprime a opinião de um grupo social que se contrapõe ao comportamento adúltero de Maria da Piedade. Vênus é a deusa do amor, do sexo, ou seja, é uma referência mal vista pela sociedade rígida do século XIX. O enredo da narrativa de No Moinho assemelha-se bastante à obra “O Primo Basílio”, pois trata da mesma forma a temática da traição e mudança de personalidade da protagonista. Apesar de ser considerada realista, a obra No Moinho contém traços naturalistas levando em