niilista
Leonardo Queiroz Guarinello
Analise do conto “Viagem com um niilista”.
A tarefa de analisar um texto literário é complexa e peculiar. Há inúmeros caminhos possíveis. Poderia me debruçar sob o autor, sua biografia e inclinações; poderia, ainda, me ater especialmente aos personagens, sua psique, personalidade e, voltando ao autor, o que ele pretendia com cada tipo; outra alternativa seria uma análise da trama como um todo, se é uma metáfora, se carrega alguma mensagem oculta. Em suma, há diversas formas de interpretar e analisar um texto. É difícil precisar um limite entre o significado último do texto e as possibilidades da interpretação. Dentro da “intenção” do autor, podemos pinçar diversos “significados”, nuances, possibilidades que variam de acordo com nosso escopo intelectual e nossa visão de mundo. Felizmente a tarefa proposta – analisar o conto “viagem com um niilista” à luz dos autores e correntes trabalhadas ao longo do curso – reduz nossas possibilidades. Com isso em vista, não tentarei aqui buscar “o que é o texto”, mas, antes, em uma abordagem de inclinação pragmática, analisar o conto sob uma ótica que sirva objetivamente ao meu propósito, qual seja, utilizar o texto como objeto que permita “trazer à luz”, fazer evidente, destacar algumas das noções sociológicas abordadas no curso. A análise, portanto, será disforme, não homogênea, alternando entre personagens, trama, frases, ou qualquer outro aspecto que possa servir de exemplo prático de uma das abordagens teóricas.
O primeiro aspecto que diz respeito a uma abordagem propriamente sociológica, é o trem como espaço de interação. Passagens como: “Não importava a classe do bilhete comprado, dava tudo na mesma: todos se sentavam misturados” e “As bebidas esquentantes desenvolvem a sociabilidade e a disposição à conversa”, caracterizam claramente o espaço onde a trama se desenvolve. Quando, em um diálogo, os passageiros fazem a distinção entre uma viagem a cavalo e uma viagem de