Neurociências e Educação
Leonor Bezerra Guerra
O diálogo entre a neurociência e a educação: da euforia aos desafios e possibilidades
Leonor Bezerra Guerra
Bacharel em Medicina, Mestre em Fisiologia, Doutora em Morfologia pela UFMG. Especialista em Neuropsicologia pela Universidade
FUMEC. Professora adjunta de Neuroanatomia no Departamento de
Morfologia/ICB/UFMG. Docente do Programa de PG em
Neurociências e Coordenadora do Projeto NeuroEduca/UFMG.
Educar é proporcionar oportunidades e orientação para aprendizagem, para aquisição de novos comportamentos. Comportamentos resultam da atividade cerebral. O cérebro, portanto, é o órgão da aprendizagem. As descobertas das neurociências estão esclarecendo alguns dos mecanismos cerebrais responsáveis por funções mentais importantes na aprendizagem. No entanto, a aplicação desse conhecimento no contexto educacional tem limitações. As neurociências não propõem uma nova pedagogia, mas fundamentam a prática pedagógica que já se realiza, demonstrando que estratégias pedagógicas, que respeitam a forma como o cérebro funciona, tendem a ser mais eficientes. Conhecer a aprendizagem numa perspectiva neurobiológica pode auxiliar educadores, professores e pais, a compreender alguns aspectos das dificuldades para aprendizagem e inspirar práticas educacionais, mas não possibilita a prescrição de receitas para a solução dos problemas da educação.
Aprendizagem não depende apenas do funcionamento cerebral. Diversos fatores, como condições gerais de saúde, ambiente familiar, estímulos na infância, interação social, tipo de escola, aspectos culturais, sócioeconômicos e até políticas públicas de educação, também interferem na aprendizagem. Cabe, assim, uma reflexão sobre as possibilidades e desafios do diálogo entre a neurociência e a educação.
Palavras-chave:
sistema nervoso
aprendizagem,
Revista Interlocução, v.4, n.4, p.3-12,